domingo, 30 de setembro de 2018

Primeiro mimeógrafo da escola

Professora Linda Maluli relata à Rosa Chimoni em sua obra Transversais Versões, vol. 2, a passagem pelo Plínio na década de 1960.  É com muita satisfação que acrescentamos o trecho desta valiosa história, para juntos, rememorarmos essa época tão especial.


"Em 13 de julho de 1962 ingressei no Magistério Público do Estado de São Paulo por pontos.  Principalmente pelos obtidos na alfabetização de adultos. Minha primeira escola nesta fase efetiva foi o Grupo Escolar Plínio Paulo Braga no Taboão que era considerado zona rural. Hoje ali é bairro bastante desenvolvido e populoso. O antigo grupo escolar é a E. E. Plínio Paulo Braga.
Na época a Avenida Otávio Braga de Mesquita que conduzia ao Taboão não tinha asfalto.  Quando chovia descíamos do ônibus e percorríamos a pé a ladeira de 2 km. O ônibus não podia descer... Eu amava a escola e os alunos. Exerci a profissão plenamente.  Tive um aluno convulsivo e quando começava a crise eu o levava para fora da classe. Ele ficava deitado no chão e eu lhe segurava as pernas com as minhas. Muitas vezes vinha outra professora que segurava seu rosto para que não se machucasse. O restante da classe continuava as lições normalmente. Naquele tempo era assim: respeito.
O computador e a impressora nessa época eram o mimeógrafo e não tínhamos na escola. O mimeógrafo era um aparelho pesado e retangular que possuía 2 rolos de feltro e uma almofada que deveria ser embebida no álcool. A matriz era colocada num dos rolos com o texto ou desenho preso ao contrário. No outro rolo o papel sulfite se encaixava. Entre eles se girava a manivela e o texto ou desenho saía impresso do outro lado no sulfite em preto e branco. Na verdade azul ou roxo dependendo do estêncil usado. Era um trabalhão mas era o máximo de tecnologia existente.
Conversei com o diretor professor José Carlos. Pedi para fazermos o dia da pipoca e assim arrecadaríamos dinheiro para comprar um mimeógrafo. Ele achava que não daria certo.
O bairro era muito pobre e as crianças não teriam dinheiro. Depois de muita insistência consegui autorização. Divulguei e fiz propaganda. Falava a toda hora do dia da pipoca. Mesmo aquela região sendo muito carente vendemos pipoca o dia inteiro. No final do dia conseguimos a quantia necessária para a compra desejada. O primeiro mimeógrafo do Plínio Paulo Braga."

Na foto: Professores (as) Edson, Margarida, Darci,  Ditinha, Joana, Linda Maluli e o diretor Jose Carlos.
Transversais Versões 2, página 118.

Biografia da docente Linda Maluli

    Filha de libaneses imigrantes, nascida dia 17 de agosto de 1940, na cidade de Tupã, interior de São Paulo. Iniciou os estudos na cidade Flórida Paulista, frequentando a Escola Estadual Flórida Paulista. Em 15 de novembro de 1950, a família se muda para Guarulhos, bairro na época precário.  Retornou os estudos na cidade, no grupo escolar de Gopouva que só possuía a terceira série, transferindo-se depois para o Capistrano de Abreu.
    Depois, através de um exame de admissão, estuda no Ginásio Estadual de Guarulhos que funcionava à noite no mesmo prédio do Capistrano. Na época, só existia esse ginásio e não existia diurno. Concluindo a quarta série colegial, e como não tinha escola que desse continuidade, estudou no Instituto Feminino de Educação Padre de Anchieta no Pari, São Paulo em 1957. Nesse mesmo ano começa a ministrar aulas no curso de alfabetização de adultos, fazendo parte do quadro voluntário do Grupo Escolar de Gopouva, onde já estudava.
    Se forma em 1959 como professora. Antes de efetivar, ministrou aulas na Escola Mista do Jardim Santa Bárbara e era professora-aluna em 1956. Escola Mista do Lar Santo Antônio hoje Colégio Virgo Potens em 1961 e no ano seguinte na Escola Mista Santa Catarina até julho.
   Em 1962 se efetiva no Grupo Escolar Plínio Paulo Braga, removendo-se no ano de 1969 para o Grupo Escolar Capistrano de Abreu. Em 1971 é designada a assumir um cargo para responder pela direção do 3º Ginásio Estadual de Guarulhos que funcionava à noite no mesmo prédio do Grupo Escolar da Vila Flórida.
  Efetivou de 1963 a 1965 no Sesi, exonerando em seguida para cursar Pedagogia em São José dos Campos.
  Por volta de 1971 ou 1972, muda-se para a EEPG de Gopouva. Após uma nova reforma educacional tornou-se simplesmente E. E.  Annita Saraceni. Hoje está extinta e em seu prédio funciona a Diretoria de Ensino Estadual Guarulhos Sul. Nesta Unidade Escolar, a professora Linda Maluli se aposentou do Estado em 1987.
   Também ministrou aulas na prefeitura de São Paulo mas exonerou quando passou em um concurso de docente em 1980 para o Estado.
   O método de ensino da professora tinha um pouco do pensamento de Aristóteles, com a pedagogia peripatética, pois ela relacionava as áreas de conhecimento um humano com os elementos da natureza, não tinha quadra e as brincadeiras antigas, como pular corda, amarelinha, eram inclusas. Não tinham professores de arte e a docente ficava nessa tarefa de ministrar essas aulas. Eram tempos simples, mas gloriosos, tempos de nostalgia pura. Os dias de hoje foram construídos por muitos homens e mulheres. E a docente Linda Maluli faz parte dessa história, não apenas pela sua dedicação a educação, mas para a história da escola Plínio Paulo Braga.

Reginaldo Ap. Pignatari





Disponível em:  https://www.guarulhos.sp.gov.br/sites/default/files/transversais_versoes_2.pdf, p. 123-124.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

E. E. Prof. Plínio Paulo Braga: anseios e arquitetura

Grupo Escolar do Bairro do Taboão fora fundado em meados da década de 1950, época em que o país tinha como pauta uma das discussões mais importantes no âmbito educacional. A Constituição de 1946 previa que a União legislaria sobre as diretrizes e bases da educação nacional. Por esta razão, fazia-se necessária a mudança no sistema de ensino. O Governo Federal prevendo essa necessidade organizou uma comissão notáveis a fim de que, após estudos e apontamentos,  apresentasse em conjunto uma reforma geral da educação cujo objetivo era encontrar a solução adequada àquela situação em que o país se encontrava. O produto desse debate gerou um projeto de lei o qual fora apresentado à Câmara Federal em 1948, sendo objeto de disputa política por dois grupos ideológicos divergentes. Após longos embates políticos, o projeto resultou na Lei da Diretrizes e Bases (Lei 4.024) promulgada em dezembro de 1961.

É neste cenário que a escola é fundada, os princípios da educação enfim visavam abranger os interesses da classe operária. A escola aberta para a atender a demanda de uma população em crescimento acelerado, rompendo a barreira da educação restritiva. Em Guarulhos, a população crescia a passos largos devido ao processo de industrialização e da expansão do comércio, fatores preponderantes para o salto socioeconômico da cidade. Em 1920 o município apresentava índice de 5.961 moradores, número freneticamente ampliado na década de 50 que passa a ter 34.683, chegando a 100.760 nos anos 60. Números cada vez maiores no decorrer dos tempos, hoje a população guarulhense está na casa de 1.221.979, de acordo com o censo do IBGE.

Pode-se imaginar que a educação em 1920 no município era deficitária uma vez que até o ano de 1918 o distrito possuía apenas 2 no centro da cidade, Escola Mista do Bom Sucesso, Mista da Ponte Grande, Mista da Baquirivu, noturna Mista da Vila Galvão e a Mista da Vila Augusta. Eram 7 escolas para atender a demanda de quase 5 mil guarulhenses. Todavia, quatro décadas depois, passara a ser de caráter emergencial, afinal a população crescera de maneira exponencial. Neste ínterim, são inauguradas aproximadamente mais 26 escolas, no entanto, algumas delas deixaram de funcionar, sendo alocadas para outros centros, tal qual a primeira escola do bairro do Taboão, Escola Municipal Mista do Taboão. As escolas tinham características diversas, a Mista do Taboão contava apenas com a lotação de 1 professor, assim como a Escola Mista Municipal do Gopoúva. O ensino primário oferecido nestes períodos funcionava durante dois turnos: dia e noite. A  7ª Escola Mista (masculina e feminina), com sede no bairro Fortaleza, fora a 1ª Escola Masculina Rural pela Lei n° 61 de 01-09-1949. É relevante abordar que no início dos anos 40, o município contava com apenas 22 professores.

Em novembro de 1956 o Grupo Escolar do Bairro do Taboão é inaugurado. A linguagem arquitetônica conferia ao prédio muita simplicidade. Sua estrutura física assemelhava-se à uma casa, com muros baixos, limitada de apenas duas salas de aula - atualmente funcionam a secretaria e sala dos professores, construída de alvenaria com acabamento rústico, não possuía alas, tampouco ambientes para atividades complementares como anfiteatro e laboratório de ciências e inexistia quadra esportiva. Era, sem dúvida, destoante daqueles edifícios monumentais dos primeiros Grupos Escolares da sociedade letrada do final do século XIX dos centros urbanos cujos padrões estéticos sobressaiam "de fachada grandiosa, hall de entrada primoroso, escadarias, duas alas, uma para meninos, outra para meninas, eixo simétrico, pátio interno, acabamento com materiais nobres, portas com bandeiras, janelas verticais grandes e pesadas (...)", como descrevem Ester Buffa e Gelson Almeida Pinto  em Arquitetura e Educação: Organização do  Espaço e Propostas Pedagógicas Dos Grupos Escolares Paulistas, 1893/1971, p. 18. 


Escola na época de sua fundação

A escola, de forma paliativa, para atender a demanda nos anos subsequentes a sua fundação que fora até a década de 70, utilizava espaços externos como extensão. Um deles é a Escola Mista do Bairro do Taboão, escola desativada no início dos anos 50. Neste local, era montada classes adicionais.


Não esquecendo da quadra que até meados de 70 não existia, os alunos tinham de praticar atividades físicas fora da escola. Iam inicialmente num terreno baldio na lateral direita da escola do outro lado da rua - onde hoje é o estacionamento de um mercado. "Isso mesmo na área do estacionamento do mercado, era um limpão de terra vermelha que ficava bem de frente com a cerâmica que existia bem no prédio do mercado.", relata o ex-aluno Jurandir.


Além deste espaço, o diretor alugou uma quadra nas cercanias da escola. Dona Josefa Adão, 82 anos, proprietária do terreno na época, em entrevista recente, diz que que certo dia uma mulher fora à sua casa solicitando que ela alugasse a quadra para a prática esportiva dos alunos da escola. Ela não se lembra ao certo quem era a pessoa nem o cargo que ela exercia na escola. Disse que o contrato entre as partes para uso do espaço foi de boca, nunca formalizaram o aluguel da quadra. O valor cobrado era uma bagatela de 2 ou 3 Cruzeiros, estando mais para um valor simbólico do que um negócio lucrativo. Tanto é que o uso do espaço não passou de 1 ano. Ela não era na época moradora do bairro, trabalhava e residia em São Paulo, no Brás, não teve contato com os alunos que usavam a quadra naquele tempo. Ademais, Terezinha do Prado, sobrinha da Dona Josefa, fora quem indicou o espaço para a professora de educação física Diva (japonesa). Esta quem procurou dona Josefa para o aluguel da quadra. A quadra era de cimento, diferente do "limpão" ao lado da escola no qual os alunos com os uniformes brancos saiam depois da aula todos sujos de barro. Terezinha relembra os nomes dos colegas de classe que utilizaram o espaço de sua tia que inclusive ela, o Jurandir, o professor José Carlos e outros. 


Atividade física no terreno baldio.



Atrás do casal a quadra que a escola alugava. 

(Imagem do arquivo pessoal da Terezinha do Prado)



O ideário da Escola Nova, presente nos anos 50 e 60, pressupunha uma edificação escolar voltada a contemplação dos anseios das propostas pedagógicas dessa era em que prezava-se não somente a alfabetização, mas também que a criança fosse formada em seus hábitos e atitudes, cultivando aspirações e preparando-as para uma civilização técnica e industrial em constante transformação. A escola, sofrendo essa influência de preceitos pedagógicos de escola para todos e formação cidadã, do mesmo modo carrega consigo de fato a arquitetura moderna dentro dos moldes escolanovistas, em que a simplicidade se sobrepõe ao ornamentalismo, ambiente econômico e útil oposta à escola-monumento elitizada. A discordância destas ideias da Escola Nova e da atuação do Convênio na construção das escolas dessas duas décadas é que para constituir este ambiente escolar, os projetistas criaram uma escola demasiadamente minimalista, nessa construção apenas 2 salas de aula foram feitas, a integração das crianças era numa vegetação de cerrado sem jardim, nada amigável aos estudantes que por vezes também praticavam atividade física em terreno de terra batida.

Por fim, o antigo Grupo Escolar do Bairro do Taboão, atual E. E. Professor Plínio Braga, trouxe à cidade de Guarulhos desde sua formação a contribuição de escolarizar milhares de alunos meio a tantos outros projetos de ensino discutidos e vigorados durante seu percurso até o momento. Está, desde o começo, tentando tornar a escola ambiente acessível a toda população local que nela buscou evoluir através dos tempos. Com prédio ampliado: novas alas com mais salas de aula, sala de leitura, laboratório de informática, sala de vídeo, quadra coberta; recursos como merenda gratuita, material de aprendizagem gratuito e tantos outros benefícios são destaques deste tempo. Contemporaneamente, a escola almeja que o espaço seja propício à formação integral dos estudantes e que, realmente, o alunado encontre na escola acesso e permanência para seu desenvolvimento pessoal, profissional e cidadão.



Série "Tecendo os Fios da História: Narrativas Orais".
Memorial Professor Plínio Paulo Braga
Entrevistada: Terezinha do Prado
Data: 29/09/18
Sobre a E. E. Professor Plínio Paulo Braga
Assunto especifico: Arrecadação para o pagamento da quadra alugada na década de 1970 para atividades de educação física.



Série "Tecendo os Fios da História: Narrativas Orais".
Memorial Professor Plínio Paulo Braga
Entrevistada: Terezinha do Prado
Data: 29/09/18
Sobre a E. E. Professor Plínio Paulo Braga
Assunto especifico: sala externa à escola, local próximo ao Corpo de Bombeiros.


Referência bibliográfica:

THEODORO, Janice.  A construção da cidadania e da escola nas décadas de 1950 e 1960. Disponível em: < http://historia.fflch.usp.br/sites/historia.fflch.usp.br/files/texto_escolas_paulistas.pdf>. Acesso em 24 set 2018.

RANALI, João. Cronologia Guarulhense, 1º Volume.

Secretaria da Educação Municipal. Conferência Municipal de Educação. Construindo o Plano Municipal de Educação: Guarulhos 2012 - 2022. Disponível em: <https://www.guarulhos.sp.gov.br/sites/default/files/documento-base_hotsite2.pdf>. Acesso em 24 set de 2018.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.  Índice populacional de Guarulhos. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/guarulhos/panorama.> Acesso em 24 set 2018.






sábado, 22 de setembro de 2018

Viagem no tempo

     


    Para relembrar os velhos e bons tempos, nossa escola recebeu a ilustre presença dos ex-alunos do Plínio Jurandir de Araújo, Luís Oliveira e Denise Oliveira. Os encontros ocorreram nas aulas da professora Daniela de Língua Portuguesa com a colaboração da professora Raquel da Sala de Leitura e do professor Tarcísio de Ciências.  Os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar a partir dos relatos deles as experiências dos nossos estimados visitantes. Foi um momento indescritível o que tivemos: presente e passado trocando “figurinhas”, dialogando-se, uma fusão muito proveitosa para ambas gerações.

   Os notáveis entrevistados tiveram passagem na escola na década de 70, num tempo deveras distinto do nosso. Não somente a cronologia mudou... a sociedade, os costumes, os valores morais, os estilos de época e tantos mais ficaram no passado, dando abertura para novos saberes e perspectivas. 

    O encontro das gerações gerou algumas produções textuais, os textos são as memórias dos nossos entrevistados, contadas dentro da ótica dos alunos, ou seja,  em 1ª pessoa. Nossos estudantes tomam a liberdade de acolher a história para si, remontando-a dentro de sua impressão pessoal. Claro, com aquela pitada de “quem conta um conto, aumenta um ponto” ou nessa história é permitido “florear” o texto. 

   A realização da tarefa aqui apresentada demandou dos alunos contato durante 1 mês (agosto de 2018) com os textos dos finalistas das Olimpíadas de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro. Ouviram e analisaram várias histórias de outros estudantes para construírem suas memórias literárias.

   O objetivo da atividade era proporcionar o contato dos atuais alunos com os ex-alunos de gerações passadas, consequentemente, fazendo com que os novatos refletissem sobre a importância de cultivar as lembranças dos adultos, de valorizar a escola como ambiente central de sua trajetória de vida, de proporcionar o sentimento de pertencimento no ambiente escolar e de incentivá-los a buscar outras histórias para compreenderem o tempo presente. 

   Foram selecionados alguns textos para ilustrar essa atividade. Esperamos que possam desfrutar dessa nossa viagem no tempo.

Uma marca do passado

   Paro com o pega-pega e digo aos meus amigos "tchau", enquanto ando pela rua, rodeio cada árvore que vejo passar à frente. Ao chegar defronte a minha casa, bato três vezes na porta. Se não fossem pelos últimos brilhos radiantes do pôr-do-sol num céu limpo, eu conseguiria ver a luz vazar do lado de dentro da madeira e uma sombra escura cobrindo ela, era minha querida e amada mãe, Ana de Araújo, a melhor mãe do mundo. Quando entro, ela já tinha feito o arroz, feijão, carne cozida e algumas verdurinhas por cima, eu como e vou para minha cama dormir.

   Acordo cedo, coloco o uniforme, pego a lancheira que minha mãe já tinha preparado e vou para a  E.E. Prof° Plínio Paulo Braga.  A escola Plínio é boa para mim, eu sou um dos melhores, aprendo muito rápido, não me culpo por isso. Antes entrávamos pelo portão que ficava atrás da cantina, e íamos para a sala. Nesse tempo o monitor, atualmente inspetor dos alunos, pegava nossas  carteirinhas para carimbar a presença. Nelas também os professores colocavam nossas faltas. As horas passavam em minutos de vida, e, de repente, a sala é liberada para a saída, chego em casa e dou um forte abraço na minha mãe.

   Agora, nós seres humanos deveríamos saber e compreender que todos morrem uma hora ou outra. E disso tudo, aceitar.  

   Ao passar do tempo, eu cresci; envelheci; aprendi e também decidi que o que era ontem agora não é mais. Guardo uma marca no coração, na verdade, uma lembrança, minha amada mãe, que infelizmente, hoje está falecida. Lembro-me do gosto de sua comida. Hummmmmm! Ótimo sabor! lembro-me de todos os dias que acordava e via-a ali me esperando. 

   Quero agora deixar um recado para vocês crianças. "Amem mais, abracem mais, beijem mais suas mães, valorizem-nas, porque um dia elas podem não estar mais aqui"

   E o verde... o verde das árvores e das plantas que tinham naquele tempo que hoje não tem mais. Aliás estou certo de que me lembro de tudo, de tudo mesmo. E, é isso que deixa uma marca do passado, minha marca.


Entrevistado: Jurandir Araújo Cordeiro, 54 anos, ex-aluno de 1972 a 1979.
Autoria: Ygor Pabllo Santos Andrade Galvão, 7º B



Em minha época

  Há quanto tempo não venho aqui, que grande mudança! Em minha época essa era uma sala de aula, hoje sala de leitura. Para termos acesso aos livros só indo até o centro de Guarulhos com o destino à biblioteca, marcávamos com a galera e pegávamos o ônibus. 

   E o que aconteceu com o primário, ginásio e o colegial? Os uniformes também mudaram muito, antigamente era um grande avental branco com o símbolo da escola para os meninos, que no final do ano, normalmente o pessoal pedia para os colegas autografá-los, com o avental nos parecíamos com professores, imagine só! As meninas usavam saia plissada azul marinho ou preta, camisa branca, meião e sapatinho. As carteiras também modificaram bastante, no pretérito, eram feitas para caber duas pessoas, todas de madeira. 

  Recordei-me agora pouco de como tínhamos festas, teatro... Falando em teatro, como eu amo teatro! 

   No meu tempo de menina, as regras eram mais rígidas e tínhamos compromissos e estes deveriam ser cumpridos, como cantar o hino nacional em certos dias, por exemplo. Nós não possuíamos essas tecnologias que os jovens têm hoje: celular, notebook, tablet, computador... Brincávamos de tudo! Amarelinha, pega-pega, esconde-esconde...Que tempo bom aquele! Nossa Educação Física era separada entre meninas e meninos, éramos proibidas de jogar futebol, então era jogado voleibol. Os professores também eram separados para as meninas e para os meninos, uma mulher para as meninas e outro um homem para os meninos. Antes que eu me esqueça, as atividades físicas eram realizadas num quintal da casa de uma moradora num local próximo à escola ou no terreno de terra onde hoje é o estacionamento do Habib's, isso aconteceu até construírem a quadra. 

   Como tudo não são flores, sofri muito bullying, meu cabelo ia até a cintura, e eu era muito tímida. Por uns problemas, tive que raspá-lo. Eu usava um pano para cobrir minha cabeça, e os meninos puxavam-o para caçoar de mim, começavam a me chamar de tudo que apelido, isso me deu um trauma de Guarulhos muito forte, que me dava receio de vir até aqui, mas agora que retorno, nossa como está movimentado! A cantina mudou de local, foram construídas mais salas, e onde está a carteirinha?! Já ia até me esquecer, tínhamos uma carteirinha para confirmar presença, lá também ficavam nossas notas, e no final dela, um local como se fosse um e-mail, para enviar mensagens entre nós. Ah! Temos uma quadra coberta. Que novidade! Bem, do mesmo jeito, aqueles tempos não irão retornar.

Entrevistada: Denise Maria de Oliveira, 54 anos, ex-aluna nos anos de 1970 a 1978.

Autoria: Gustavo Busch Viana, 7º B


Obs.: outros textos serão inseridos, ainda encontram-se em processo de reescrita.