sábado, 22 de setembro de 2018

Viagem no tempo

     


    Para relembrar os velhos e bons tempos, nossa escola recebeu a ilustre presença dos ex-alunos do Plínio Jurandir de Araújo, Luís Oliveira e Denise Oliveira. Os encontros ocorreram nas aulas da professora Daniela de Língua Portuguesa com a colaboração da professora Raquel da Sala de Leitura e do professor Tarcísio de Ciências.  Os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar a partir dos relatos deles as experiências dos nossos estimados visitantes. Foi um momento indescritível o que tivemos: presente e passado trocando “figurinhas”, dialogando-se, uma fusão muito proveitosa para ambas gerações.

   Os notáveis entrevistados tiveram passagem na escola na década de 70, num tempo deveras distinto do nosso. Não somente a cronologia mudou... a sociedade, os costumes, os valores morais, os estilos de época e tantos mais ficaram no passado, dando abertura para novos saberes e perspectivas. 

    O encontro das gerações gerou algumas produções textuais, os textos são as memórias dos nossos entrevistados, contadas dentro da ótica dos alunos, ou seja,  em 1ª pessoa. Nossos estudantes tomam a liberdade de acolher a história para si, remontando-a dentro de sua impressão pessoal. Claro, com aquela pitada de “quem conta um conto, aumenta um ponto” ou nessa história é permitido “florear” o texto. 

   A realização da tarefa aqui apresentada demandou dos alunos contato durante 1 mês (agosto de 2018) com os textos dos finalistas das Olimpíadas de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro. Ouviram e analisaram várias histórias de outros estudantes para construírem suas memórias literárias.

   O objetivo da atividade era proporcionar o contato dos atuais alunos com os ex-alunos de gerações passadas, consequentemente, fazendo com que os novatos refletissem sobre a importância de cultivar as lembranças dos adultos, de valorizar a escola como ambiente central de sua trajetória de vida, de proporcionar o sentimento de pertencimento no ambiente escolar e de incentivá-los a buscar outras histórias para compreenderem o tempo presente. 

   Foram selecionados alguns textos para ilustrar essa atividade. Esperamos que possam desfrutar dessa nossa viagem no tempo.

Uma marca do passado

   Paro com o pega-pega e digo aos meus amigos "tchau", enquanto ando pela rua, rodeio cada árvore que vejo passar à frente. Ao chegar defronte a minha casa, bato três vezes na porta. Se não fossem pelos últimos brilhos radiantes do pôr-do-sol num céu limpo, eu conseguiria ver a luz vazar do lado de dentro da madeira e uma sombra escura cobrindo ela, era minha querida e amada mãe, Ana de Araújo, a melhor mãe do mundo. Quando entro, ela já tinha feito o arroz, feijão, carne cozida e algumas verdurinhas por cima, eu como e vou para minha cama dormir.

   Acordo cedo, coloco o uniforme, pego a lancheira que minha mãe já tinha preparado e vou para a  E.E. Prof° Plínio Paulo Braga.  A escola Plínio é boa para mim, eu sou um dos melhores, aprendo muito rápido, não me culpo por isso. Antes entrávamos pelo portão que ficava atrás da cantina, e íamos para a sala. Nesse tempo o monitor, atualmente inspetor dos alunos, pegava nossas  carteirinhas para carimbar a presença. Nelas também os professores colocavam nossas faltas. As horas passavam em minutos de vida, e, de repente, a sala é liberada para a saída, chego em casa e dou um forte abraço na minha mãe.

   Agora, nós seres humanos deveríamos saber e compreender que todos morrem uma hora ou outra. E disso tudo, aceitar.  

   Ao passar do tempo, eu cresci; envelheci; aprendi e também decidi que o que era ontem agora não é mais. Guardo uma marca no coração, na verdade, uma lembrança, minha amada mãe, que infelizmente, hoje está falecida. Lembro-me do gosto de sua comida. Hummmmmm! Ótimo sabor! lembro-me de todos os dias que acordava e via-a ali me esperando. 

   Quero agora deixar um recado para vocês crianças. "Amem mais, abracem mais, beijem mais suas mães, valorizem-nas, porque um dia elas podem não estar mais aqui"

   E o verde... o verde das árvores e das plantas que tinham naquele tempo que hoje não tem mais. Aliás estou certo de que me lembro de tudo, de tudo mesmo. E, é isso que deixa uma marca do passado, minha marca.


Entrevistado: Jurandir Araújo Cordeiro, 54 anos, ex-aluno de 1972 a 1979.
Autoria: Ygor Pabllo Santos Andrade Galvão, 7º B



Em minha época

  Há quanto tempo não venho aqui, que grande mudança! Em minha época essa era uma sala de aula, hoje sala de leitura. Para termos acesso aos livros só indo até o centro de Guarulhos com o destino à biblioteca, marcávamos com a galera e pegávamos o ônibus. 

   E o que aconteceu com o primário, ginásio e o colegial? Os uniformes também mudaram muito, antigamente era um grande avental branco com o símbolo da escola para os meninos, que no final do ano, normalmente o pessoal pedia para os colegas autografá-los, com o avental nos parecíamos com professores, imagine só! As meninas usavam saia plissada azul marinho ou preta, camisa branca, meião e sapatinho. As carteiras também modificaram bastante, no pretérito, eram feitas para caber duas pessoas, todas de madeira. 

  Recordei-me agora pouco de como tínhamos festas, teatro... Falando em teatro, como eu amo teatro! 

   No meu tempo de menina, as regras eram mais rígidas e tínhamos compromissos e estes deveriam ser cumpridos, como cantar o hino nacional em certos dias, por exemplo. Nós não possuíamos essas tecnologias que os jovens têm hoje: celular, notebook, tablet, computador... Brincávamos de tudo! Amarelinha, pega-pega, esconde-esconde...Que tempo bom aquele! Nossa Educação Física era separada entre meninas e meninos, éramos proibidas de jogar futebol, então era jogado voleibol. Os professores também eram separados para as meninas e para os meninos, uma mulher para as meninas e outro um homem para os meninos. Antes que eu me esqueça, as atividades físicas eram realizadas num quintal da casa de uma moradora num local próximo à escola ou no terreno de terra onde hoje é o estacionamento do Habib's, isso aconteceu até construírem a quadra. 

   Como tudo não são flores, sofri muito bullying, meu cabelo ia até a cintura, e eu era muito tímida. Por uns problemas, tive que raspá-lo. Eu usava um pano para cobrir minha cabeça, e os meninos puxavam-o para caçoar de mim, começavam a me chamar de tudo que apelido, isso me deu um trauma de Guarulhos muito forte, que me dava receio de vir até aqui, mas agora que retorno, nossa como está movimentado! A cantina mudou de local, foram construídas mais salas, e onde está a carteirinha?! Já ia até me esquecer, tínhamos uma carteirinha para confirmar presença, lá também ficavam nossas notas, e no final dela, um local como se fosse um e-mail, para enviar mensagens entre nós. Ah! Temos uma quadra coberta. Que novidade! Bem, do mesmo jeito, aqueles tempos não irão retornar.

Entrevistada: Denise Maria de Oliveira, 54 anos, ex-aluna nos anos de 1970 a 1978.

Autoria: Gustavo Busch Viana, 7º B


Obs.: outros textos serão inseridos, ainda encontram-se em processo de reescrita.